quarta-feira, 23 de julho de 2008

Lendo Terra-Pátria de Edgar Morin


Edgar morin. Ele é um autor contemporâneo que me fascina, não apenas pelo que ele escreve, mas também pela sua trajetória de vida. Ele é historiador, geógrafo, jurista; sociólogo de formação; filósofo e político por vocação. Combatente francês durante a segunda Guerra Mundial, é testemunha e ator direto dos acontecimentos da vida política e social de nosso tempo, Com isso tem um conhecimento multidimensional sobre os acontecimentos, sendo um dos poucos pensadores que escreve com tanta propriedade sobre o mundo , pois é prova empírica do que escreve.
Estou relendo seu livro Terra Pátria (1993), na verdade é uma nova leitura, pois na época que li era acadêmico recente e não tinha um conhecimento teórico suficiente para compreender com propriedade suas idéias (e talvez eu ainda não tenha o suficiente). Neste livro ele sugere uma reformulação de pensamento que nos remete a perceber todas as coisas no seu contexto e no todo planetário, uma definição de nossas finalidades, enquanto seres terrestres. Segundo ele tudo que é precioso sobre a terra é “frágil e raro” e o mesmo acontece com nossa consciência que, apesar dos discursos demagógicos de salvação e preservação da terra (biosférica e antropolítica) estes conhecimentos que nos esclarecem sobre o nosso destino, levam-nos a uma nova ignorância. O progresso não é na realidade garantido por nenhuma lei da história. O futuro não é necessariamente desenvolvimento. O futuro, conforme os acontecidos do presente e do passado, agora chama-se incerteza. Segue um trecho dessa grande obra de Morin:

“Sabemos doravante que o pequeno planeta perdido é mais do que um lugar comum a todos os seres humanos. É nossa casa, home, heimat, é nossa mátria e mais ainda, nossa Terra-Pátria. Aprendemos que viraríamos fumaça nos sóis e seríamos congelados para sempre nos espaços. É verdade que poderemos partir viajar, colonizar outros mundos. Mas estes, demasiado tórridos ou gelados, são sem vida. É aqui, em nossa casa, que estão nossas plantas, nossos animais, nossos mortos, nossas vidas, nossos filhos. Precisamos conservar, precisamos salvar a Terra-Pátria".

(In "Terra-Pátria")

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