quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

POLICIAMENTO COMUNITÁRIO: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA AS POLÍCIAS DE RORAIMA

A violência e a criminalidade é um dos problemas sociais que mais mobilizam a opinião pública, uma pesquisa recente apontou estes como a maior preocupação para 31% dos brasileiros. Na sociedade atual surgem discussões na busca de alternativas mais eficientes no controle da violência e da criminalidade principalmente devido a pouco ou nenhum resultado satisfatório de certos métodos tradicionais de policiamento, sobretudo aqueles baseados no uso da força, que violam os Direitos Humanos e gera desconfiança e distanciamento da sociedade com as instituições de segurança.

No entanto, diante do cenário de desprestígio social enfrentado pelas polícias surge a doutrina de policiamento comunitário que nos últimos 30 anos tem se repercutido com sucesso em diversas sociedades no mundo. Basicamente essa nova filosofia e estratégia organizacional destacam maior interação entre polícia e a comunidade na discussão de políticas de segurança pública, priorizando medidas preventivas e dando suporte às demais ações de policiamento que oferecem resultados.

No Brasil o modelo de policiamento comunitário, iniciado em meados dos anos de 1980 após a nova abertura democrática, apesar de algumas resistências, tem produzido resultados satisfatórios na redução dos índices de infrações criminais nos lugares onde foi implantado.

No estado de Roraima, além das teorias nas grades curriculares dos cursos de capacitação profissional, poucas eram as ações efetivas consideradas como policiamento comunitário. No entanto, a partir de 2004 com a criação do policiamento ciclístico foi dado o lance inicial da introdução do policiamento comunitário no Estado.

Para muitos o policiamento ciclístico é apenas mais um programa político passageiro. Mas para aqueles que têm a percepção lúcida do aprofundamento das relações entre polícia e cidadão, é uma forma inovadora e inusitada de controle da criminalidade. O policiamento ciclístico da Polícia Militar de Roraima tem conquistados benefícios tanto para a comunidade quanto para a corporação policial.

Além de realizar o serviço de rotina nas áreas propícias a cometimento de infrações, o grupamento paralelamente tem desenvolvido diversas ações sociais em benefício da população. Na periferia o grupamento tem feito atividades na área da saúde, cultura, lazer e distribuição de donativos, tentando amenizar as dificuldades enfrentadas por aquela comunidade que após as eleições foram esquecidas pelos políticos juntamente com as promessas feitas.

Vale ressaltar que todas essas ações desenvolvidas não têm nenhum custo adicional para o governo, contam apenas com a criatividade dos policiais comunitários que mobilizaram a comunidade e com parcerias de algumas entidades que acreditam nos trabalhos desempenhados.

Apesar da comprovada eficiência, desde a sua implantação o policiamento ciclístico comunitário tem passado por tribulações principalmente devido ao ceticismo e a falta de apoio principalmente do público interno (os demais policiais). Por causa das problemáticas e deficiências que o policiamento ciclístico enfrenta este já teve a iminência de ser desativado. Isso não aconteceu devido à articulação de alguns oficiais da PM que apóiam o projeto e, principalmente por causa da persistência dos policiais executores que atuam voluntariamente e que acreditam na potencialidade das ações comunitárias de polícia.

O atual processo democrático possibilita a população buscar maior participação e controle das atividades policiais, por conta disso, a polícia comunitária torna-se um instrumento importante para se pensar e agir de forma coletiva nas soluções dos problemas de segurança. Esse novo modo de pensar e agir de polícia não deve ser encarado como uma utopia. É uma realidade tangível e irreversível, mesmo em lugares inóspitos a melhores mudanças como Roraima.

Nenhum comentário: